ODiva

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sábado, 21 de novembro de 2009

Comportamento : Ciúmes


Resolvi Estar postando sobre o ciúmes, porque tenho visto muitas pessoas acabarem com grandes relacionamentos, pois foram se deteriorando devido a sentir uma posse exagerada do outro. O ciúmes chega num ponto tão doentia que uma das partes deseja saber o que o outro pensa, sente e isso faz com que a outra parte sinta-se cobrada, sufocada. Para o ser humano é complicado lidar com o medo da perda, a auto-estima abalada , faz com que vc crie a crença de que todas as pessoas são melhores que vc, portanto serão priveligiadas, terão como ter o amor do nosso objeto amado e nós o perderemos. Causa tortura, agonia e muitos males. Em caso exagerado de ciúmes, temos visto casos recentes na mídia por agressão, morte. Quando o excesso de ciumes toma conta, a pessoa necessita de acompanhamento especializado , pois há um aumento do sofrimento psiquico, Hoje em dia há grupos terapeuticos , anonimos dos quais as pessoas possuem uma maior privacidade e não seja tão cobrada pelos outros, realizando um tratamento com dignidade , exercendo sua confiança. ( esse parágrafo são citações minhas..o resante dos seus respectivos autores)
Alguns dizem que o ciúme é o amor possessivo. Mentira. Deslavada mentira. O amor jamais é possessivo. I Coríntios 13:4-5 A caridade é sofredora; é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade; não se ensoberbece;Não se porta com indecência; não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal.



Ao procurar as razões do ciumento, vamos encontrá-lo mergulhado desde a sua infância com ciúmes de seus carrinhos, suas bonecas, dos seus pais, do seu cachorrinho de estimação...


E invariavelmente o ciumento tem baixa-estima, e julga-se ultrajado, desprezado e é extremamente possessivo. Ao se relacionar no casamento, com o seu cônjuge ele o tem como sua propriedade exclusiva e invariavelmente torna a vida em comum um suplicio e um tormento para ambos.


O que você acha do "Cíumes"?


É comum o cônjuge do ciumento passar a vida toda justificando o que não fez, e somente o faz para ter ou obter um pouco de paz, e pensa que no dia seguinte tudo vai voltar ao normal. Ledo engano. Novamente o ciúme vai eclodir tornando tudo áspero e obscuro. Quantas vezes tantos são acusados sem nada ter feito, ou condenados sem culpa alguma. Sofrem muito, tudo por causa dos ciúmes.


Cíumes é pecado como outro qualquer,quem o tem deve saber que tem que ser tratado.


O ciumes não provém de Deus.


Tudo que é ruim,não provém de Deus,e o ciúmes não é bom!


Você deve estar se perguntando o que fazer? Certamente a Bíblia tem as respostas necessárias para tratar o problema. I João 1:9 "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". Ai esta o segredo de como tratar o ciúme e conseqüentemente o ciumento: tratar o ciúme como pecado e todo pecado deve neÉ isso aí meu amor!!!


Deus não se agrada de ciúmes,nós que cremos na palavra de Deus e que os demônios estão querendo de qualquer forma desestruturar e estragar um relacionamento,ai vai uma grande dica;é só confessar os vossos pecados e ele é fiél e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar. necessariamente ser confessado


O ciúme


O ciúme é um sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém. Muitos confundem o ciúme com a inveja, achando que são a mesma coisa, o que é um erro. A inveja é um desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade do outro; é desejar, cobiçar o que é do outro. Portanto, diferente do ciúme, embora o lembre.


Cremos que nenhuma pessoa pode afirmar, em sã consciência, que nunca teve ciúme. A própria existência, que é uma sucessão de relacionamentos, faz com que o ser humano se apegue a alguma pessoa, fato ou coisa, cedo ou tarde, estabelecendo, deste modo, uma condição de posse, de propriedade ou de amizade. Quando, por “n” motivos, nos apegamos a uma pessoa ou algo, sentimos forte necessidade de estarmos juntos a esta pessoa ou coisa desejada.


O sentimento do amor, por exemplo, só atinge o auge, verdadeiramente, quando ocorre um retorno desse sentimento ao objeto ou pessoa amada. Obviamente, excetuando o amor platônico que é um sentimento meio estranho e difícil de ser compreendido, o ciúme é também uma demonstração de amor, principalmente, daqueles menos confiantes em si mesmos - nos inseguros - e nos que se sentem inferiores à pessoa amada, neste ou naquele sentido. A pessoa que sofre as pressões do enciumado não se agrada desse procedimento, por maior que seja seu amor. Quando o ciúme é moderado (e muitas vezes, consentido) as duas partes se conformam, mas, quando é exagerado, aborrece e angustia, podendo acabar com o relacionamento.


Quando duas pessoas se amam verdadeiramente podem viver um romance totalmente destituído de ciúmes, desde que sejam centradas e resolvidas, confiantes em si mesmas. A confiança na fidelidade de um companheiro pode ser total e absoluta, sem nenhum resquício de ciúmes, quando há amor verdadeiro e respeito mútuo. Todavia, por maior que seja a confiança, ela nunca é totalmente destituída de ciúme, já que o ciúme manifesta sempre o pensamento de posse de algo valioso que, às vezes, corremos o risco de perder. Pelo menos é assim que pensa o enciumado.


O ciúme em doses certas não deixa de ser uma prova de amor. Mas, a total ausência de ciúme provoca, no mínimo, desconfiança de que não se é amado. Imagine o que deve passar pela cabeça de uma pessoa que tem um grande amor por alguém e percebe que a pessoa amada é totalmente destituída de ciúme. Pensamentos do tipo “será que ela me ama mesmo?” “Como ela pode ser assim?” “Não tem um pingo de ciúme de mim, por mais que eu dê motivos”. Este tipo de atitude é demonstração de grande confiança no amado ou demonstração clara de que não se tem amor e pouco se liga para este fato.


Um dos grandes causadores do ciúme é a comparação, que é bem mais acentuada nos que são acometidos pelo sentimento da inveja. Quando nos comparamos às demais pessoas, sempre encontramos alguém que possui um carro melhor, um corpo mais bonito, ou um rosto mais bonito, mais dinheiro, uma personalidade mais forte e por aí vai. Surge então o sentimento da inveja que, como já foi dito, é diferente. O ciúme tem a ver com amor, amizade, bem querência por alguém. Inveja é um sentimento que melhor se coaduna com o mau caráter, o incapaz, o despreparado, embora se manifeste também na pessoa de boa índole. A inveja é extremamente destruidora, o ciúme nem tanto. A inveja revela o lado ruim de cada um, o ciúme, apesar de todos os dissabores que provoca, revela um amor recôndito, ou, no mínimo, uma necessidade da presença daquilo ou daquele que motivou o ciúme. A inveja, é sempre um sentimento negativo, destrutivo e lamentável; já o ciúme, é sempre um sentimento de insegurança, de medo, mas que traz sempre junto uma carga de amor, pequena ou grande.


Registre-se ainda que, o ciumento contumaz vive num inferno. Já a pessoa que respeita a si mesma e compreende as péssimas conseqüências do ciúme, descarta-o da sua vida, concluindo que os resultados da sua ausência num relacionamento, são infinitamente melhores e edificantes.


Portanto, ame e confie. Se não der certo, parta para outra. Não se submeta ao ciúme, que é sempre uma manifestação de fraqueza e inferioridade.


Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil, membro da Sala de Letras Gabriela Mistral de Petrópolis, professor de Motivação Pessoal, escritor, contista, cronista e articulista político de vários jornais. E-mail: ebenezeranselmo@yahoo.com.br



A independência econômica de ambos os sexos, a vida agitada desdobrando em inúmeros papéis, faz com que cada vez mais as pessoas tenham menos tempo para compartilhar, desabafar , provocando um distanciamento até mesmo entre pessoas casadas. O mal do século é sem sombra de dúvida a solidão.
 Fator da máxima contradição humana; tendo a função de afastamento de uma decepção, ao mesmo tempo em que gera uma carência abissal nas necessidades afetivas do sujeito. Infelizmente nenhum método de educação ensina alguém sobre a dificuldade num relacionamento.


O Maior inimigo de qualquer casal é o ciúmes :
É errada pesar que o ciúmes é o tempero do amor.Deve ser pensado como o tempero da discórdia.Pensar que o outro sentindo ciúmes significa ter importância para o outro , também é uma forma errônea.
Acredito que É verdade que "Quanto mais amor, muito menos ciúme. Quanto mais


amor, é possível até não existir o ciúme."? Por que?
 O amor em si, puro e verdadeiro, ou seja, diferente de muitos "amores"
que existem por aí, é um sentimento que combate determinados erros
nossos. Explicando melhor, o amor quando é verdadeiro não há espaço para
coisas pequenas como o ciúme, porque ele como sentimento nobre, nos
envolve de certa forma que fica quase impossível vivê-los ao mesmo tempo.
Podemos assim dizer que o ciúme é a falta ou o uso incorreto do amor.
A paixão e sedução contidas na questão do amor encerram quase sempre elementos de poder, disputa e controle sobre o parceiro. O sentir-se “embriagado” pela paixão diz muito mais da necessidade de fuga das pessoas para a grande infelicidade vivida no dia a dia, assim sendo, tal fenômeno age como uma espécie de droga ou narcotizante da falta de sentido em relação a outro drama moderno, a rotina. A sedução atua quase sempre no predomínio estético ou sexual sobre determinada pessoa. É o uso intencional de um instrumento condicionado e valorizado pela sociedade, objetivando a adulação das características narcisistas do sujeito. Em tese também podemos definir que tanto a paixão quanto a sedução são uma espécie de rebelião ou protesto inconsciente contra a inevitável morte ou insatisfação no relacionamento. Tentam passar um ápice de uma durabilidade do gozo ou êxtase absolutamente questionável.


sedução é a mais tenra ilusão de que o outro detém a chave perfeita para a satisfação completa de nossos desejos, e sempre nos esquecemos que preço o mesmo irá cobrar por tal tarefa; já a paixão é o sonho máximo de que seremos correspondidos constantemente, de que jamais poderá haver uma desaceleração da vontade e prazer.


sensibilidade abre outro terreno árduo para sua compreensão plena. Freqüentemente é cobrada por um ou ambos os parceiros, embora mais tarde se queixem de seus efeitos colaterais. Outro grande erro é achar que a mesma só se manifestaria no pólo positivo, quando a grande verdade é que funciona como uma esponja que absorve todo tipo de amargura ou mazela emocional. Não basta apenas perceber o problema da contradição, dialética ou a oposição nos diferentes tipos de vivências e sentimentos, mas, sobretudo, enxergar como foram construídos no decorrer de nossa história de vida. O amor existe e sem nenhuma dúvida é uma necessidade vital, o grande problema é sincronizar sua dose, pois ambos os pólos descompensados podem ser fatais; tanto a falta que gera a mais pura carência, ou o que alguns acham que seja seu superlativo, o ciúme, também totalmente destrutivo em quase todas as relações. O importante não é e nunca foi à definição do que seja o amor, mas apenas a raridade do fenômeno nas diferentes culturas e épocas. O romantismo, a poesia e outros adornos apenas deram pistas ou serviram de muletas na construção de tão complexo sentimento humano. A tese central deste texto é exatamente a ligação do desejo ou necessidade com outras tarefas que são colocadas concomitantemente para a pessoa; mas como somos na maioria das vezes extremamente alienados, achamos que resolveremos um problema de cada vez.




que precisa ser pesquisado é justamente como e quando alguém consegue obter a experiência do amor. Alguns advogam que o mesmo aparece após a vivência dolorosa de experiências desagradáveis, se mantendo intacta a esperança e fé do sujeito no seu potencial afetivo, diria que é algo bem raro em nossa atualidade, dominada por um rancor borbulhante em relação ao passado de frustração e mágoa. Estes dois últimos sentimentos produzem uma impermeabilização completa em relação a qualquer nova tentativa de entrega. Nossa era está repleta dessa absurda neurose, sendo que se procura a mais absoluta perfeição ou garantia para após começar a suposta troca. Tal prática nefasta revela não apenas o medo exposto anteriormente de uma nova frustração, mas que a pessoa que se deixou abalar não tem condição alguma para a experiência do amor, justamente por essa fragilidade e incapacidade de lidar com a perda. É uma criança completa no plano emocional, tentando forçar uma adequação às suas expectativas estéticas ou econômicas. Obviamente tal indivíduo não almeja em hipótese alguma a contemplação do amor, mas exclusivamente a veneração de seu conteúdo ambicioso e egoísta, com a desculpa de que é alguém especial e que precisa valorizar a si próprio, quando na verdade está o tempo todo participando de uma espécie de leilão de suas emoções.


Na verdade todas as barreiras citadas que impedem a verdadeira troca dizem de um ser que não deseja expor sua fragilidade, justamente por se considerar inferiorizado no plano emocional, e concomitante medo de ficar envolvido, pois para tal tipo de pessoa tal fenômeno é uma derrota, pois vê todo o relacionamento sobre a ótica do poder ou quem domina em tal esfera; então para fugir do conflito busca exigências irreais. Boa parte da procura da estética se encerra neste quadro, se escondendo uma grande deficiência afetiva embaixo de uma perfeição corporal sancionada pelo sistema de consumo.


Muitos especialistas definem amor como uma experiência em que há maior empenho na satisfação do outro do que com suas próprias necessidades. Embora tal conceito seja louvável do ponto de vista humanista, diria que além desta capacidade inata para perceber o outro, muito mais importante é ter a certeza do potencial afetivo da pessoa que se ama, tendo a confiança de que a mesma reagirá com gratidão quando devotarmos para ela os mais nobres investimentos de nossa alma; ao contrário da inveja e incômodo que muitas pessoas demonstram ao serem ajudadas ou amparadas; enfim o desafio de todos é aferir se o outro também é capaz não apenas de trocar, mas se valoriza aquilo que o parceiro julga ser suas qualidades mais profundas. A baixa estima é um câncer para o processo afetivo. Nenhuma chama permanece acessa sem o incremento de determinado combustível. A derrocada amorosa se dá quando um dos dois apenas almeja retirar sem repor, ou o outro também não faz a mínima questão de crescer ou vivenciar algo novo. O problema de alguém se tornar insensível não diz apenas de uma fuga perante o medo do sofrimento, pois todos querendo ou não passarão por tal infortúnio; o que ninguém admite é vivenciar algo único, sendo assim a chamada opção por não ser sensível (do ponto de vista positivo como expliquei acima), é se afastar da sensação de solidão que um sentimento intenso produz. Quase ninguém almeja ser pioneiro no terreno emocional, a liderança e poder se focam no plano material. A prova maior disso tudo é que sempre um dos parceiros se queixa de que o outro doa muito menos na relação, como se estivesse se preparando para uma retirada ou abandono.


Outro fenômeno moderno no terreno afetivo é a questão do tédio precoce nos relacionamentos. Este fator está associado diretamente ao transporte do consumismo social para a esfera privada do indivíduo. É um tanto óbvio tal ocorrido. Como conseguiremos algo um pouco duradouro se nossa mente é corrompida diariamente pelo descartável produzido pelo desejo de consumo? Boa parte do fracasso nos relacionamentos é produzida pela falta de inteligência e percepção deste acontecimento diário. Que as pessoas gostam de nadar na ilusão até nem discuto, mas se cegar perante uma contaminação incisiva é no mínimo trabalhar para sua infelicidade própria. Em parte a própria psicologia explica o fascínio da pessoa pela dor e queixa constante, forçando o ambiente a consolar tal indivíduo tão desprotegido.


O ciúmes é eternizado em relação há inseguranças e fraquezas emocional do  indivíduo.Isso é uma análise superficial , porque o ciúmes o mais profundo sinal ou indício de uma futura ruptura ou perda. A pessoa presa de tal sentimento não visualiza que seu excesso nada mais é do que uma antevisão da ruína de seu projeto afetivo. O ciumento amplifica suas emoções negativas e traz também as do parceiro para seu caldeirão íntimo de sofrimento. Outra essência do ciúme é o mais puro complexo de inferioridade, pois a pessoa já intuiu que será derrotada neste campo, ou que poderá haver repetição de vivências dolorosas que já experimentou. Tal processo pode acompanhar o sujeito à vida toda, caso o mesmo não procure ajuda psicológica para desfazer tal trava emocional. E sobre a carência, como se desenvolve?A pessoa que cresceu sob a ótica de tal condição acaba desenvolvendo um mecanismo curioso de compensação. Ao mesmo tempo em que se sente negligenciada em seu direito afetivo histórico, têm a convicção interna de que algo muito especial ainda estaria por vir; o problema é dimensionar o tempo que irá suportar tal espera, sendo que o tédio ou desânimo não tardarão a assolar tal indivíduo. A carência é a exploração máxima da paciência e expectativa perante um retorno afetivo do outro, que pode nunca ser efetivado. É a interrupção plena da liberdade para escolher novas pessoas que possam satisfazer a necessidade de amor do indivíduo, sendo que o mesmo irá insistir na sua dor pessoal de rejeição e conseqüente reparação.




O sofrimento afetivo mais cedo ou tarde cobrará uma definição. Ou irá ocorrer uma busca desenfreada por algum tipo de reparação como foi dito, ou a energia será direcionada a algo novo. O apego é o pilar máximo da sustentação do processo da carência. É fato que boa parte do esforço infrutífero gasto por determinada pessoa diz de algo que jamais poderá ser reativado, ou mesmo que o fosse talvez não teria a mínima importância. Há duas formas de se lidar com a perda e todos já as notaram: nos tornarmos mais fortes e reagirmos com toda a tristeza oriunda do evento traumático, gerando um dever de melhorar em conflito com a dor; a segunda é a depressão propriamente dita, sendo a recusa da reação por não enxergar um sentido além do apego ao evento mórbido.




A trajetória emocional se assemelha à órbita elíptica de um meteoro que acaba sempre retornando infinitamente. É curioso que quando uma terapia retira em parte a angústia da pessoa, se volta exatamente ao ponto onde tudo começou, segundo inúmeros relatos de pacientes. Este é um dos segredos mais impressionantes da mente humana, devendo ser estudado a fundo. O conflito não segue uma órbita hipérbole, passando apenas uma vez perante determinado ponto, mas têm exatamente essa função de repetição de um espaço já percorrido. Foi exatamente esta questão que FREUD interpretou como a compulsão para repetir determinado evento traumático. O fato é que tal retorno se dá pelo lado afetivo recalcado, sendo que para FREUD a libido ou energia sexual seria o ponto de concentração energética mais forte do ser humano. O desejo se alimenta então justamente de seu oposto, a frustração, e se a mesma assolou o indivíduo de uma forma intensa, irá gerar um tipo de volição ou expectativa quase que eterna perante a realização de um fato almejado. Novamente se torna desnecessário dizer que o apego perante algo tão remoto bloqueará totalmente a capacidade atual da pessoa pela busca de seu prazer pessoal.




Está-se dizendo aqui que o lado emocional caminha em círculo, caso não seja quebrada sua estrutura neurótica. Sem dúvida alguma este é um trabalho que poucos se deram conta de sua necessidade de efetivação. É justamente neste ponto que entra o problema do amor, pois o mesmo deve ser algo totalmente novo e original com outro ser humano, no qual se confiará a experiência do desejo e prazer; caso não ocorra tal situação a relação se torna mera arena para se reviver todo o drama familiar passado e o mais legítimo complexo de inferioridade. A experiência real e profunda do amor implica em não se sentir tão afetado, humilhado ou destruído pelo passado.




Quando realmente podemos dizer que conhecemos nosso parceiro amoroso? Com toda a certeza quando conseguimos visualizar todo o seu potencial construtivo e destrutivo. Este último é freqüentemente confundido com a agressividade. Claro que não estamos falando aqui da violência física, mas tentando desmistificar o problema do que realmente seja a agressão. Uma das coisas mais cruéis nas relações é justamente a sedução perante uma pessoa e conseqüente retirada do relacionamento. Isto infelizmente já virou uma espécie de jogo sádico moderno. Ao invés de nos iludirmos constantemente com a beleza ou fascínio sexual por alguém, seria interessante avaliarmos a capacidade dessa pessoa para a reciprocidade. O mais perfeito retrato da sala de espera do inferno se dá quando um dos parceiros sente que o outro é o mais puro e ideal objeto de amor para o mesmo, porém, não ocorre à mínima seqüência ou correspondência. A análise do problema do amor não correspondido passa por vários tópicos, mas o principal é a escolha de uma espécie de ícone incapacitado para a troca. A busca pela beleza ou sensualidade que pode acarretar a não correspondência diz muito mais de uma pessoa imbuída de um profundo complexo de inferioridade, que busca na outra uma compensação de sua problemática, tornando-a um troféu que possa encobrir seu drama pessoal não resolvido. É a princípio um acordo mútuo entre duas pessoas extremamente ambiciosas, uma por ser venerada por seus dotes físicos, e a outra para provar aos outros sua glória por ter conseguido algo tão valioso apesar de sua limitação na autoestima; não precisamos lembrar que tal contrato possui uma curta duração.


Confesso que a coisa mais estranha ou sombria que ouvi na vida foi determinado relato de uma pessoa que disse ter encontrado o parceiro ideal, mas estava morrendo de medo do amor propriamente dito. É chocante tal relato justamente pelo sujeito intencionalmente abrir mão de uma experiência de quase puro êxtase. A primeira explicação já foi dada acima; a pessoa encara o amor como uma submissão ou inferioridade, buscando um parceiro que se doe muito mais do que ela. Mas como se manifesta o medo do amor nos homens e mulheres? Nos primeiros historicamente pelo desleixo, indolência e a infidelidade conjugal, dando uma mensagem explícita de que jamais criará raízes profundas em qualquer tipo de relação. Este problema está associado também à questão da timidez, pois tal distúrbio tem a característica de afastamento de todo tipo de envolvimento emocional profundo. O tímido apenas ensaia gostar e amar, sendo que sua meta principal é cavar apenas uma trincheira de isolamento e proteção perante o contato social. Seu medo central é passar por uma situação de prova, e o amor é o teste supremo da intimidade de um ser humano, assim sendo, irá renegar todo tipo de entrega, embora tal problema pertença a ambos os sexos.


Na mulher o medo do amor principalmente em nossa atualidade se dá pela agressividade ou qualquer tipo de cobrança irreal perante o parceiro. A própria condição hormonal da mulher é a mais pura prova disso. A tensão pré-menstrual exacerbada diz psicologicamente de uma mulher que reprimiu ou não sabe lidar com seu potencial agressivo, e a alteração hormonal é a válvula de escape para todos os seus instintos negados, tomando por completo a pessoa. É como um estado de embriaguez em que se expõe toda sua agressividade; esta no lado masculino visa à competição, embora as mulheres também adotem tal conduta. Mas para as mesmas a agressividade é o bloqueio central que interrompe a entrega. A análise psicológica profunda de tal conduta irá revelar que tal pessoa está revivendo longínquas experiências paternas com seu atual parceiro, onde o núcleo é definir emocionalmente a figura masculina como sendo raivosa, embora isto também não deixe de ser uma projeção de seu emocional. A catástrofe afetiva é a intersecção mórbida entre pai e amante, não um complexo de Édipo como a psicanálise enxerga, mas a convicção feminina de que o parceiro sempre a usou para desafogar seus mais sádicos instintos. A seguir começa a surgir o ódio e desejo de retaliação. Na verdade a culpa do homem por tal situação é encarar a afetividade como uma espécie de esquema bancário, achando que sua companheira tem o dever inato de suprir todas as suas necessidades pessoais, com o mínimo de troca possível, esta sim é a essência do chamado machismo, não desejar enxergar, ajudar ou colaborar com sua parceira. Para a mulher, restou o pânico atávico de se sentir usada o tempo todo.


O problema da mulher no campo afetivo e sexual é exatamente se sentir instável perante o poder que detém sobre o gozo e satisfação masculina. Outra contradição é se irá se aliar psicologicamente a uma mãe traída e denegrida pelo pai, ou se simplesmente realiza seu potencial amoroso. Como poderá se libertar da servidão voluntária e involuntária perante uma genitora queixosa e que usa freqüentemente sua infelicidade para manipular o ambiente? A questão central é se tanto homens e mulheres realmente conseguem investir no relacionamento, ou se tornam apóstatas perante o amor, apenas ruminando seu passado familiar infeliz. Todo o ideal do romantismo e religiosidade caem por terra, pois o ser humano jamais esteve preparado para a experiência do amor, lhe faltando à educação adequada para a execução de tal meta. O “analfabeto emocional” está encarcerado de todo tipo de sentimento destrutivo que aborta um relacionamento. Um projeto sério de alfabetização afetiva deve levar em conta todas as etapas do desenvolvimento humano. Nas crianças e adolescentes redobrada atenção em relação aos malefícios do mimo e narcisismo, pois ambos colocam a pessoa num patamar onde jamais conseguirão enxergar o outro. Os pais devem escolher se seus filhos serão especiais por competirem e humilharem seus rivais, ou então se estarão atentos e receptivos para uma troca onde todos tenham seu espaço e importância na relação.
Nos adultos o projeto eficiente de alfabetização emocional é desenvolver formas maduras de lidar com todos os tipos de sentimentos negados ou negativos: ódio, raiva, rancor, inveja, mágoa, tristeza, vingança, frustração, apego, saudade mórbida, dentre outros. Há também a necessidade de se perceber o custo na esfera afetiva no decorrer da vida, seja o preço a ser pago pela solidão, ou a carga que recebe da pessoa desejada, assim como o impacto de sua conduta emocional perante as pessoas mais próximas. A experiência do amor seria muito mais fácil para alguém que já a tenha saboreado plenamente no âmbito familiar. Embora tal conceito possa parecer um tanto antiquado, ainda é totalmente válido na dinâmica dos relacionamentos. Quando não se teve uma experiência de tão ampla magnitude e importância, a tendência é buscar fora do ambiente privado e familiar tal necessidade básica, com todo o atraso possível; o problema é que quando alguém procura algo imbuído de carência e privação afetiva, despertará ao mesmo tempo todo o sentimento negativo descrito anteriormente, pois o amor obedece também a condutas em conformidade com o desenvolvimento e crescimento da pessoa, muitos não percebem que clamam pelo mesmo de uma maneira totalmente inadequada ou infantilizada. A cura não passa apenas pelo encontro, até porque ninguém jamais terá certeza do amor em nossa era perante o parceiro, mas principalmente por se revelar e exigir que o outro tome atitude semelhante; desnudando seu ser.




Outro ponto indiscutível é que tendo ou não um relacionamento, quase todos estão tristes, descontentes ou insatisfeitos. Todos os elementos descritos neste texto dizem do correlato do amor, que é o ódio. Sentimento totalmente negado pela cultura e moralidade, mas que assola totalmente os relacionamentos. O primeiro passo para o incremento do ódio é não ter a consciência de que as pessoas mais íntimas é que colaboram para o crescimento de dito sentimento. O início sempre é algum tipo de contrariedade ou injustiça, passando para uma experiência de ligação diária e constante em relação ao objeto ou pessoa que causou a dor tão insuportável. Mas o ódio maior é quando se tem a certeza subjetiva de que o outro poderia completar totalmente a pessoa, mas se recusou em seu esforço ou competência para tal finalidade, conforme apontei acima. O ódio começa a surgir quando percebemos nossa miserabilidade afetiva, e o quanto está se mendigando afeto e atenção. O ódio é uma espécie de ritual ou neurose obsessiva, algo como um totem para que a própria pessoa o cultivando constantemente se lembre da experiência da dor e tente não repeti-la. O problema é que tal processo se torna quase que infinito; é como os orientais faziam uma alegoria de uma serpente comendo a própria cauda, o que representaria um ciclo interminável.




A devoção a um evento tão doloroso certamente nunca foi o melhor instrutor ou anteparo para não repetirmos determinada tragédia. A lembrança diária de um evento traumático em hipótese alguma forma uma blindagem para que tudo não possa se repetir, muito pelo contrário, o efeito é uma contaminação profunda do potencial emocional da pessoa. O preço do ódio passa pela amargura, e jamais alguém poderia acertar sua dose, pois a potência do mesmo é devastadora. Como seria possível usar um sentimento que já nasce com um déficit temporal? Se a reação é instantânea, advém a fúria com conseqüências gravíssimas, afora a culpa e arrependimento. Se optarmos pela espera da reação, o fato doloroso perde o sentido, e apenas resta o desejo de vingança. A grande descoberta é perceber primeiramente que talvez nossas escolhas não foram tão acertadas, pois acabamos atraindo indivíduos incapazes de compartilhar sonhos e desejos.


O ódio é essencialmente um cunho básico de projeção. É vermos a centelha mais íntima de nosso ser no outro com o aviso inexorável de quão difícil seria conseguirmos mudar, então partimos para o ataque e ruminação emocional dolorosa. A privação histórica de laços de ternura e demonstração de afeto é o combustível máximo de tal fenômeno. Retomando a questão da família, o ódio vai se solidificando à medida que seus membros vão fazendo um balanço completo de toda a agonia e miséria afetiva que experimentaram. Neste ponto começa um processo confuso e altamente neurótico, sendo a confusão de papéis fator reinante. A pretensa justiça pessoal se torna mesquinhez; a impulsividade totalmente efêmera; a vingança denota apenas uma prova de apego inútil e imaturo, aliado ao medo da incapacidade para criar ou recomeçar. Qual seria então o equilíbrio entre não vivenciar o caráter rancoroso corrosivo do ódio e também não insuflar o espírito pessoal com uma sensação eterna de injustiça e indignação que fazem mal do mesmo jeito? Para responder, temos de retomar a questão da culpa, pois a mesma foi e é um dos principais fatores da socialização e permanência da civilização, caso contrário, teríamos uma eterna luta pela supremacia ou complexo de superioridade.


De certa forma, é o que vemos no meio social, assim sendo, a culpa passa a ser o bônus incompleto que a biologia, genética ou antropologia deixou de legado para que o ser humano pudesse avançar para um outro plano de relacionamento. A civilização ao contrário do que FREUD descreveu, não é a sublimação da sexualidade para fins culturais, mas meramente o controle do ódio entre seus membros; sendo a manipulação plena do instinto para a sobrevivência do ego pessoal e que tal ato também traga um benefício coletivo. Crescer sozinho é apenas competição ou isolamento, sendo que a verdadeira evolução ou revolução é o transporte de características adquiridas e autoconhecimento para um patamar em que várias pessoas compartilhem uma experiência de êxtase perante a descoberta do sentido da existência pessoal e formas de manejar a sobrevivência sem aniquilar seus semelhantes. O objetivo final não é desanimar ninguém, mas que todos percebam a dialética da busca do prazer; sem a alfabetização emocional mencionada, a suposta satisfação se torna privação, o gozo, recalque, a convivência, palco constante de luta e conflito, e o desejo se tornará um instrumento de desenvolvimento de doenças psíquicas e físicas
Mais importante do que procurar a gênese do ódio é descobrir a necessidade de agregação do mesmo em determinada pessoa ou evento. O chamado “foco do ódio” é a máxima liberdade para a consecução do êxtase do espírito destrutivo, aniquilando por completo a rivalidade ou a frustração que alguém pode causar. A ciência da psicologia até o presente analisou o fenômeno como sendo a necessidade do sujeito de se tornar vítima; embora tal visão esteja mais do que correta, é fundamental se acrescentar um fato: o impulso ou imperiosidade de se arquivar uma reserva mental destrutiva. Mas em que circunstância seria utilizada? O ódio pode ser uma defesa prévia contra qualquer tipo de ataque ou rejeição, assim como assinala a dificuldade de determinada pessoa em preservar seus relacionamentos. Ambos traços de caráter assinalados vivem constantemente a tragédia, mas o ódio também é uma fronteira hermética contra o desespero, que é a prova final do esforço infrutífero na capacidade pessoal de despertar interesse para alguém. Nossa cultura estabeleceu uma associação religiosa quando se fala em ódio, trazendo sempre em paralelo a questão do perdão. O mesmo se tornou um mero instrumento propagandístico para todas as religiões, pois muito mais importante do que falar em perdão é verificar se a pessoa tem estrutura e condição psicológica para efetuar tal tarefa. Esquecer o evento traumático é superar a sensação de miserabilidade na mais íntima esfera pessoal, desenvolvendo recursos que sempre assinalem para o indivíduo que ele pode novamente recomeçar. O perdão só é viável quando seu pilar mais forte, o apego é atacado frontalmente; o grande problema é que o esquema social acarreta uma imensa sensação de déficit na área do prazer e realização pessoal.


A coisa mais comentada pela psicologia e conseqüentemente receitada em um século de sua existência foi o preceito de que a pessoa deve lidar melhor com sua ansiedade, angústia ou com tudo o que a chocou, mas como isto é possível, com tantos processos paralelos e sabotadores da paz de espírito? Esta sem dúvida alguma é a pergunta suprema e inacabada para a cura ou profilaxia de todo conflito ou neurose. A psicanálise advogou a necessidade de remoer as antigas experiências infantis no sentido da pessoa perceber que sua energia está retida em determinada etapa do desenvolvimento humano, ou como FREUD dizia, manteve “tropas em excesso” em determina área que clama a todo o momento por uma satisfação ou descarga. A psicologia comportamental enfatizou que o sujeito deveria mudar sua conduta diária, no sentido de perceber que suas atitudes estão completamente viciadas para a obtenção do crescimento e satisfação pessoal. Não se trata de desenvolver a força de vontade propriamente dita, mas que a pessoa perceba a importância e impacto de como age perante seu meio; como suas ações se transformaram num ritual de prejuízo pessoal. Passado e presente não deixam de ser a dicotomia ou luta de opostos para a obtenção de uma melhora psicológica. Tanto a pessoa que não consegue repor sua origem familiar de carência, quanto àquela que não consegue alterar um comportamento inadequado, sofre em demasia e isto é um fato absoluto. Mas neste ponto quero estabelecer um outro conceito da neurose.
Quando falamos em distúrbio neurótico, não podemos apenas pensar em sintomas ou conflitos. Temos de entender que a neurose atinge o ápice quando em todas as áreas que a pessoa atua (profissional, afetiva e sexual), o resultado é o mais puro “stress” para si mesma ou o meio circundante. A parceria de ambos os fenômenos nos dá uma dimensão segura de que a pessoa não consegue manter o equilíbrio ou controle sobre sua conduta e regularidade da satisfação. O que poderíamos chamar de suposta “felicidade”, é constantemente inundada por todo o tipo de vivências ou lembranças de carência ou privação. A neurose em última instância é a compulsão inconsciente para sabotar o ritmo biológico e mental, desprezando a autoestima e anulando o autoconhecimento. Convencionou-se o preconceito que ir ao psicólogo é sinônimo de distúrbio ou loucura; a cada dia penso exatamente o oposto, há um fosso intransponível entre ambas, pois a terapia é um espaço primordialmente para uma reflexão lúcida acerca dos sentimentos e condutas que afetam o indivíduo e as pessoas ao seu redor. A terapia serve para os que não fizeram seu dever de casa nas seguintes áreas: amor próprio, afetividade, sexualidade e poder pessoal. Serve ainda aos que se conscientizaram de que seu mais profundo desejo se transformou num quebra-cabeça pela dificuldade de realização, mas que a energia que o mantém permaneceu intacta no transcorrer da vida da pessoa (isto é a esperança no mais profundo grau). A loucura propriamente dita necessita ser tratada num espaço onde se possa manobrar a imperiosidade da socialização da pessoa humana, isto não significa a internação, mas apoio grupal para o resgate das potencialidades da pessoa


O amor é o mais tenro e frágil sentimento que a qualquer instante é soterrado por todos os seus acompanhantes negativos descritos neste estudo. Se afastar da visão ingênua do romantismo é perceber o quanto o amor é quebradiço e necessita de um cuidado constante, ao contrário do que estamos acostumados a vivenciar, como uma espécie de paixão que podemos nos regozijar a vontade, sem nunca cessar seu fluxo. Já o ódio reflete a dicotomia entre o complexo de superioridade e inferioridade como dizia o psicólogo ALFRED ADLER; Ambos os fenômenos mantém uma estreita relação de interdependência. Se alguém se julga inferior, pode complementar tal falta com um desejo de superioridade econômica, estética ou sexual; o contrário também é válido, a pessoa que se sente num patamar superior pode desenvolver todo tipo de culpa e arrependimento que a coloque novamente num patamar inferiorizado. O ódio retém uma longínqua defasagem na questão da autoestima. As primeiras fases narcisistas do desenvolvimento da criança são a pista segura para tal tese. O ódio se desenvolve justamente quando se sente que a figura julgadora e que poderia reforçar tal narcisismo infantil foi omissa. Advém então a cólera, forçando o ambiente a proporcionar o que lhe é devido. A antiga necessidade de exclusividade e liderança agora desponta num déspota em seu círculo emocional.


Repetir e viver intensamente a dor agora é o motivo pleno da vida do sujeito. Foi literalmente excluído de seu direito ao prazer ou uma vida regular de satisfação. É neste exato ponto que a intervenção terapêutica deve ser radical, combatendo não apenas o vício de sua visão pessimista e sombria, mas mostrando à pessoa que constantemente sabota aquilo que mais procurou. Desenvolveu a intolerância perante o fluir das emoções, abdicando do gozo pessoal pela competição e disputa de poder, se tornando o mostruário exato dos processos econômicos e sociais perpetrados diariamente em nosso meio.




O ódio se alinha totalmente a um desejo de liberdade frustrado. A saída seria concentrar a energia no potencial próprio visando novas etapas de criatividade e desenvolvimento; porém não é o que ocorre, sendo que a reação de rancor e o investimento no confronto são o que prevalecem na maioria das vezes. Lembro-me de um sonho de um paciente que ilustra categoricamente tal afirmação: “sonhei que vários indivíduos construíam foguetes particulares para irem a lua e outros planetas como marte, por exemplo; boa parte morria na jornada por a nave não ter estrutura e oxigênio suficiente; apenas alguns retornaram; sendo que na exploração descobriram perigos inimagináveis para a raça humana; eram totalmente negligenciados na volta e não obtiveram nenhum apoio governamental”. Sem dúvida a mais profunda coragem é o rompimento; mais ainda se pensarmos no desafio perante a única controladora do processo espacial no mundo; este é um sonho em que o desejo de liberdade atinge seu ápice. A essência da neurose como descrevi no texto é esta: a luta interminável para desenvolver uma meta nova em vários campos versus o conflito por reaver o que se sente retirado e negado. Coragem então é o avanço, e a neurose é não somente a pedra neste trajeto, mas o total desânimo e desconsolo para o recomeço.


(psicólogo Antonio Carlos Aleves de Araújo) texto baseadoFREUD, SIGMUND. O MAL ESTAR DA CIVILIZAÇÃO E ALÉM DO PRINCÍPIO DO PRAZER. OBRAS COMPLETAS. MADRID (ESPANHA): BIBLIOTECA NUEVA, 1981.

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