ODiva

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Individualidade nas relações

Distanciar é um verbo que geralmente transmite uma ideia de frieza, de indiferença e, possivelmente por causa disso, temos muita dificuldade em abrir espaço entre nós e nosso amor. Muita gente acredita que respeitar plenamente a vida e a individualidade do outro, permitindo que a pessoa tome suas próprias decisões e escolhas (mesmo que nem sempre coincida com as nossas) é sinal de que não nos importamos o suficiente a ponto de lutar por um consenso. Afinal, muitas vezes é comum e esperado que os casais pensem como uma unidade e não como a junção de dois indivíduos distintos.
Infelizmente, nem sempre é possível chegar a um meio-termo na relação, no que diz respeito a todos os assuntos. Porém, isso não deveria, em tese, confundir a noção dos sentimentos que ambos podem nutrir um pelo outro. Afinal, não é porque alguém cede facilmente aos nossos argumentos que seu sentimento é mais verdadeiro ou profundo do que alguém que nos permite ser verdadeiros conosco.

A liberdade que vem do desapego

 

Desapego é quando damos liberdade para alguém ser quem realmente é. E só pode demonstrar este sentimento quem ama de verdade. É evidente que existem muitos graus diferentes de amor, já que cada pessoa pode apenas ofertar aquilo que possui de fato. Assim, misturado ao amor pode existir o sentimento de posse, a carência afetiva, a necessidade de ser aceito e o medo de ficar sozinho. Por isso, é natural que tenhamos receio em permitir que nosso amor circule à vontade, tome suas decisões, mantenha sua privacidade e admita o que pensa.
Mas, como às vezes existe muita insegurança em nós, o fato de não "segurar" a pessoa parceira e nem moldá-la às nossas expectativas, pode transmitir a falsa imagem de que não estamos apaixonados. Ou mesmo o outro, que não está acostumado a ter sua identidade respeitada, pode também crer neste ponto de vista.
Por incrível que pareça, investir no distanciamento logo de cara pode ser danoso para a relação. Não por ser errado, mas por não sabermos lidar com ele ainda. Por outro lado, todos nós sabemos o quão perigoso o apego pode ser para um relacionamento, já que nos faz ficar constantemente focados no comportamento alheio, sofrendo quando as coisas não saem do jeito como gostaríamos, julgando quem amamos de forma errada e muitas vezes até impondo condições ou brigando por causas que não valem a pena.
Então, como praticar o distanciamento de forma que ambos aprendam a se libertar das amarras emocionais, continuando a acreditar no amor que possuem um pelo outro? Já que estamos todos aprendendo a sermos mais independentes emocionalmente, este é um processo que pode ser feito com calma e que pode evitar vários conflitos futuros. Veja algumas sugestões:
  • 1Por mais tempo que você conheça seu amor, evite pensar que já sabe como a pessoa irá reagir, como sente ou pensa sobre determinado assunto ou problema. É sinal de compaixão, respeito e amor querer saber o que seu parceiro está sentindo em relação a determinado assunto, desde que isso aconteça de uma forma livre de julgamentos ou constrangimentos.
  • 2Mesmo que seja difícil aceitar, entenda que nem sempre o outro concordará com você. Por isso, não force adesões, nem se magoe. Se houver forma de conciliar determinada questão, ótimo. Caso contrário, é bom encontrar uma saída que não prejudique ninguém, nem a relação.
  • 3Se você tiver confiança em quem você é e no que acredita, não precisará provar nada para ninguém.
  • 4Não exija do outro sacrifícios que você mesmo não está disposto a fazer, pois isso dará margem para a famosa frase: "depois de tudo o que eu fiz por você".
  • 5Permita que seu amor realize atividades sozinho ou que desfrute de privacidade. Afinal, tal como você precisa de vez em quando ficar com a família, sair com seus amigos ou meditar em silêncio, a pessoa parceira também pode ter esta necessidade.
  • 6Se o outro estiver sofrendo por causa de algo, ajude-o, mas não interfira demais e nem tente controlar o processo. Permita que a pessoa aprenda com o que está vivendo. Desse modo, terá mérito por suas conquistas.
  • 7Não deixe de fazer o que gosta só porque está num relacionamento. Pense que existem três tempos: o tempo da pessoa parceira, o seu tempo e o tempo do casal juntos. Afinal, se cada um tem espaço para se desenvolver, aprender e crescer, quando ficarem juntos estarão sempre trazendo coisas novas e alimentando a relação com energia renovada.
  • 8Lembre-se que todos nós precisamos de privacidade. Por isso, tente não escancarar demais a intimidade, pois isso gera tensão a longo prazo. Ou seja, permita que o outro chore ou que faça algo sem você encher o momento de palpites. Isso vale também em horas sociais. Por exemplo, se receber uma visita, não chame atenção do seu amor na frente dos outros, nem revele suas intimidades em conversas pseudo-despretensiosas. Também não vale falar sobre os problemas e as dúvidas íntimas da pessoa parceira sem a permissão dela.
  • 9Não deixe de dizer o que pensa e sente apenas para evitar conflitos. Afinal, reter sua individualidade irá levar você a explodir emocionalmente nos momentos mais impróprios. Por isso, não confunda ser verdadeiro com ser agressivo ou desrespeitoso.
Enfim, se houver distanciamento para que vejamos o outro tal como é, permitindo que tanto ele quanto nós sejamos inteiros, poderemos derramar amor de forma plena e escaparmos de tantos mecanismos de autodefesa que nos fazem perder tempo. Isso nos tira do relacionamento do aqui e agora, e das nossas ilusões do "como deveria ser" ou "do que poderia ter sido". Afinal, como poderá haver amor sem liberdade?

Remediando ciúmes

Já ouvi muitas pessoas dizerem que é inevitável sentir ciúmes da pessoa amada e até mesmo que os ciúmes chegam a ser um certo “tempero” para uma relação. Para estas pessoas, sentir ciúmes é um sinal de que o outro é realmente importante e querido. Podemos dizer, então, que, até certo ponto, os ciúmes podem ser um sinal de valorização, importância, carinho, amor.

Mas o que acontece quando os ciúmes ultrapassam os limites e se tornam algo insuportável, que atrapalha a relação? Bem, aí eles deixam de ser o tal tempero e se tornam apenas um grande incômodo. Às vezes este incômodo é tão grande que relações chegam ao fim exatamente por causa dos ciúmes. Isso porque uma pessoa excessivamente ciumenta pode se tornar possessiva demais, querendo controlar o outro, agindo como um detetive em busca de indícios de que algo errado está acontecendo... Ninguém gostaria de estar ao lado de alguém assim, certo?

Acontece, porém, que em muitos casos, apesar dos ciúmes, a relação ainda vale a pena, e terminar o relacionamento não é uma boa opção. Isso porque, mesmo sendo os ciúmes um grande incômodo, a relação tem muitas coisas boas, e tentar mantê-la parece ser a melhor solução. Como fazer, então, para continuar o relacionamento sem que os ciúmes atrapalhem demais? Como amenizar os ciúmes da outra pessoa? Será que é possível?

Eu diria que é possível sim, mas somente até certo ponto. Todos nós temos limites, além do que não podemos forçar o outro a perceber as coisas como nós mesmos as percebemos. É aquela velha história: podemos ajudar os outros, desde que eles próprios queiram ser ajudados. Por este motivo, é possível você fazer a sua parte, desde que seu/sua companheiro(a) faça a dele(a) também!

E qual seria exatamente a parte daquele que tem alguém ciumento ao seu lado? Bem, a primeira tarefa seria entender as razões pelas quais a outra pessoa tem ciúmes. Geralmente estas razões estão associadas a um sentimento principal: a insegurança. Uma pessoa que não se acha boa (ou atraente, bonita...) o suficiente, por exemplo, pode temer que a qualquer momento seu par possa trocá-la por outro alguém. É fundamental, então, assegurar esta pessoa de que você gosta dela, de que ela é uma pessoa interessante e que é com ela que você deseja ficar.

Quando os ciúmes são exagerados, é muito comum que o(a) ciumento(a) "futuque" a vida do outro de todas as maneiras possíveis, com a certeza de que encontrará algo que justifique sua desconfiança. Fazendo isso, inevitavelmente serão encontrados elementos que serão interpretados como “provas do crime”: um telefonema para uma amiga, um comentário em uma rede social, uma ligação não atendida... Qualquer coisa inofensiva poderá ser percebida como um sinal de que algo está errado.

Diante de tudo isso, é importante ser o mais transparente possível, pois assim mal entendidos poderão ser evitados. Diga aonde está, ligue se for demorar mais do que você imaginou, apresente-o(a) para os seus amigos (e amigas!), inclua-o nas conversas, e faça tudo o mais que puder deixar seu par mais tranquilo. Muita gente acaba escondendo coisas bobas do(a) parceiro(a) ciumento, visando evitar confusões. Isso acaba sendo pior, pois qualquer “rastro” encontrado gera uma desconfiança ainda maior, prejudicando o relacionamento.

Finalmente, uma boa maneira de se evitar os ciúmes excessivos é através da conversa. Se você perceber que a outra pessoa está sentindo ciúmes, toque no assunto, pergunte o por que, deixe-a se expressar, dizer o que sente. Nestas ocasiões, reafirme seus sentimentos por ela e mostre como você não está interessado em mais ninguém. Deixe claro que não tem nada a esconder, e você conquistará, aos poucos, a confiança do seu amor ciumento. Dra. Mariana Santiago de Matos
Psicóloga

Setembro








“E Setembro traz consigo a

esperança de tempos alegres.

Tive fé e paciência para cruzar os dias de agosto,
não os deixei me esmagar e ainda que fatos ruins acontecessem,
eu não desisti. Agosto é de fato um mês de cachorro louco,
mas Setembro chegou trazendo um céu tão azul, que parece pintado.
Eu atravessei agosto focando no ponto mais importante: ir,
sobretudo, em frente. Eu estou indo, te encontro lá?”

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 13 de setembro de 2012